quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A Procura de Trabalho!

Pois é, começo um novo ano de maneira triste: perdi todas as minhas aulas. Trabalhava a dois anos na rede pública aqui em Minas Gerais como contratado (mesmo tendo feito concurso público em 2005) e ontem a direção da escola me informou que um professor efetivo fora removido para aquela escola, tomando todas as aulas do amigo aqui.
Educar é assim, você pode ser mandado para o "olho da rua" sem nenhum benefício que qualquer trabalhador possui, como por exemplo FGTS ou Seguro-Desemprego, isso mesmo, a educação pública não concede aos seus professores contratados qualquer benefício social após uma rescisão de contrato ou mesmo de uma dispensa.

Pior de tudo é olhar ao redor e ver que sua família fica apavorada, que sua noiva fica apavorada, afinal fica parecendo que ser educador neste país é uma profissão que, cada dia mais, parece não valer a pena - não só da desvalorização profissional com seus baixos e ridículos salários e condições de trabalho, mas também pela irregularidade e insegurança profissional crônicas (aqui em Belo Horizonte professores do UNIBH, onde me graduei, estão sem receber salários a 4 meses e ameaçam entrar em greve), e por fim pelos sindicatos de professores que ao invés de cuidar de nossos reais interesses fica fazendo movimentos a favor do "pobre povo palestino" e coisas afins, parecendo mais com o MST do que com um sindicato de verdade.

Apesar disso tudo, como maluco que sou, ou alguém duvida disso - fiz licenciatura e pior, gosto de dar aula, gosto de ensinar, de dividir e apreender conhecimentos, em meio a uma nação de "milhões jumentos" - sou teimoso e insisto em educar, insisto em ser professor (coisa que o amigo Paulo Ghiraldelli já desistiu a muito tempo, e eu o compreendo).

Assim, deixo aqui o apelo para aqueles que acompanham meu trabalho via internet (pelo blog e pelas aulas virtuais do canal do youtube), que caso saibam de uma oportunidade de trabalho como professor (posso atuar nas áreas de História, Sociologia e Filosofia) estou aqui a disposição.

Basta entrar em contato comigo pelo email: tiagodecastromenta@yahoo.com.br
E em seguida envio o meu currículo profissional.
Abraços a todos, e vamos a luta!

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

CAIO PRADO E A SEMPRE ATUAL REVOLUÇÃO BRASILEIRA


Caio Prado Júnior (1907-1990) foi um dos maiores historiadores brasileiros de todos os tempos, sendo a sua produção historiográfica considerada de cunho marxista.
Idealizador da editora e da revista Brasiliense, onde dividia trabalhos com os sociólogos Fernando Henrique Cardoso (sociologia uspiana) e Otávio Ianni (sociologia carioca), Caio Prado também ingressara em movimentos políticos nacionais como no nascente Partido Comunista do Brasil (PCB ou Partidão) ou posteriormente na Aliança Nacional Libertadora (ANL de Luis Carlos Prestes, depois todos acusados e presos devido à chamada Intentona Comunista de 1935).
Nacionalista, Caio Prado objetivava, a partir de uma nova proposta de Marxismo (a que ele teorizou como Lógica Dialética Positiva), construir um novo Brasil, progressista, “revolucionário”. Daí o caráter de sua obra “A Revolução Brasileira”, publicada em 1966 e que se faz atual até hoje em muitos aspectos.
Fazendo uma inusitada “ponte” entre Caio Prado Júnior e o cineasta Arnaldo Jabor (que no passado também pegou o resfriado comunista) é válido apontar uma frase deste último quando dizia “o Brasil precisa de um choque de Capitalismo!”. E era isso que Caio Prado, já na década de sessenta (com a ainda nascente industrialização nacional) profetizava “o Brasil precisa de um choque de Capitalismo”, o Brasil precisava fazer, grosso modo, a sua “revolução burguesa”.
Pois é, em plenos idos de 2009 o nosso país ainda respira sobre uma lógica pré-burguesa, pré-moderna, quase medieva (e historiadores como Nelson Werneck Sodré chegaram a enxergar a existência de um Brasil feudal) quando presenciamos a insistente concentração fundiária em nosso país. O Brasil, vergonhosamente, é um dos poucos países do mundo onde a reforma agrária é tabu, aonde ela praticamente inexistiu – mesmo com oito anos de governo do PT, ou seja, ainda não quebramos as nossas amarras estruturais, que nos ligam ainda a uma época colonial, patriarcal, de um Brasil como o “celeiro do mundo” – como uma nação destinada a fornecer mão-de-obra barata e principalmente matérias-primas para as sociedades ditas de “Capitalismo Central” (cabendo ao nosso país o papel de satélite econômico, de Capitalismo periférico).
Assim, recuperar Caio Prado Júnior, mesmo com todos os vícios políticos do Marxismo (devido à quase intrínseca ligação entre a teoria e o projeto político, revolucionário, do mesmo), é legítimo por ser este autor uma voz muito válida quando afirma, para horror dos marxistas stalinistas ou pecebistas, que a verdadeira revolução brasileira só se dará a partir de duas vias: o desenvolvimento nas bases capitalistas e a reforma agrária.

CAIO PRADO E A LÓGICA DIALÉTICA POSITIVA

Como dito no texto acima Caio Prado Júnior foi um importante expoente do Marxismo em nosso país, sendo muito criticado pelos companheiros de PCB por assumir uma postura de “reformador”, “aprimoramento” da teoria marxista – encarada por muitos como uma verdadeira ortodoxia.
Exemplo de como a dita ortodoxia lidava com isso pode ser encontrada na URSS quando Stalin fez as cabeças de Trotski e Bukharin rolarem, o primeiro por crer em uma revolução socialista mundial e não somente na URSS e o segundo por discordar das apropriações que o governo soviético fez sobretudo sobre a massa campesina.
A reforma pretendida por Caio Prado na teoria marxista era relacionada ao desejo do historiador de que o marxismo não fosse, tão somente, uma espécie de antípoda, de contradição, ao modelo capitalista. O marxismo, no sentido epistemológico do termo, deveria ser algo mais original, essencialmente revolucionário – como algo novo e não como síntese de um modelo superado.
A este marxismo novo Caio Prado denominou de Lógica Dialética Positiva. A lógica dialética teria suas raízes na superação do capitalismo e no próprio movimento da história, porém o Marxismo Novo teria que ser algo novo, fundamentado em novas e originais bases – e aqui o termo “Positivo”, até como progresso.
Ao contrário da lógica capitalista, fundamentada em bases metafísicas (o capital, a mercadoria, a alienação e o fetiche) o Marxismo Novo seria caracterizado por uma lógica materialista, de um homem preso as suas necessidades “naturais” e comportamentos “naturais”, contudo os agentes deste Marxismo novo não seriam os mesmos do Marxismo tradicional.
No marxismo tradicional, ortodoxo, de bases soviéticas, os agentes revolucionários seriam os homens reunidos em um único partido, que comandariam o Estado revolucionário, formando o que Bukharin chama de “nova classe social, a dos gestores”. Daí os partidões sendo o maior deles o PCU da URSS e o dito “núcleo duro do partido”. Tudo isso ancorado no leninismo e que depois será reproduzido, respeitando os contextos vividos, em países como a China maoísta e a Cuba castrista.
No marxismo novo, na Lógica Dialética Positiva, os agentes revolucionários não poderiam estar alojados no Estado, o Estado iria servir as mudanças sociais e não comandá-las com punhos de ferro como ocorria na URSS. O Estado deve ser integrado ao conjunto das forças revolucionárias e não ser, sozinho, as próprias forças revolucionárias. Assim, a aliança, necessária, com os operários, camponeses, industriais, comerciantes, etc. Ou seja o marxismo deveria ser, na proposta caiopradiana, uma teoria nacionalista (de integração nacional) e progressista, e algo novo enquanto conhecimento, enquanto episteme.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

50 ANOS DA REVOLUÇÃO CUBANA (1959-2009)

Um dos assuntos que hoje ainda nos remete (e até transporta) aos anos de Guerra Fria (1945-1991) é o debate sobre a situação e a história da ilha caribenha de Cuba, que a completos 50 anos estabelecera uma Revolução social política e social (1959-2009).
Cuba, após a Revolução de 1959, se confunde com seu líder, hoje "afastado" do poder por problemas de saúde: Fidel Castro. E com Castro/Cuba não há "caminho do meio" - ou se ama, ou se odeia.
A ilha de Fidel provoca essa dualidade entre nós, este antagonismo, estes sentimentos de amor ou ódio.
Há argumentos que levam as pessoas a adorar a figura de Fidel e o modelo sócio-econômico ali implantados por ele, da mesma forma que co-existem argumentos contrários a muito do que ali foi feito em nome da Revolução (espécie de entidade metafísica, principalmente no bojo dos anos sessenta).
Sobre este tema não preciso "ficar em cima do muro": a Revolução Cubana tem mais erros que acertos, e na minha opinião não é muito sensato culpabilizar o embargo norte-americano por todos os problemas sociais e principalmente econômicos da ilha.
Quando Fidel, Raul e Ernesto estabeleceram em 1961 um governo Marxista-Leninista, buscando a tutela da URSS, sabiam desde o princípio que o rompimento com os EUA era uma consequência natural. O que muitos não atentam é que a própria opção pelo Socialismo Soviético, depois metamorfoseado em Socialismo Cubano (Castrismo), tem raízes nos ressentimentos históricos que os cubanos construíram com a América, e isto não é sem razão: desde o fim da Guerra Hispano-Americana de 1898 que Washington vinha ditando as regras políticas e econômicas da ilha - vide os golpes de Estado que mantiveram governos autoritários como os de Geraldo Machado e Fulgencio Batista, ou mesmo das algemas econômicas geradas pela produção quase exclusiva do açúcar (e dos lucros que alimentavam os norte-americanos, deixando os cubanos na miséria).
O problema é que o "trem da História" correu, a Guerra Fria acabou, a URSS não mais existe, e o governo Castro mantivera, por opção própria, a ilha isolada, imersa num sonho revolucionário anacrônico. E disto a mitologização de Cuba, como ponto de resistência de uma ideologia que insiste em não morrer na América Latina (graças a miséria e a desigualdade social absurdas).
Se Fidel tivesse largado o osso na década de noventa, iniciando um processo reformador e de transição a uma Cuba mais democrática (em termos políticos), talvez hoje este embargo seria coisa do passado, e os cubanos teriam mais e melhores oportunidades.
De minha parte vislumbro dias melhores para o povo cubano, desde que Raul Castro construa uma "Perestroika e uma Glasnost" caribenhas, sinalizando uma aliança com o governo democrata de Barack Obama e não com figuras infames como Hugo Chavez.
E assim, com erros e acertos, parabéns aos cubanos pelos 50 anos que transformaram a história daquele país.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

FELIZ 2009 E O PACOTÃO DE DESEJOS

Quero neste espaço desejar um ano de 2009 repleto de realizações a todos nós, que esperamos e buscamos construir, antes de tudo, um Brasil mais progressista e humano. Continuem comigo nesta caminhada, longa e deliciosa, pelas aventuras humanas - através do conhecimento histórico e da minha experiência como educador neste país.

2009 é um ano que se inicia com mudanças e continuidades: no plano das mudanças já estamos vivendo uma nova grafia na língua portuguesa, a posse de Barack Obama no próximo dia 23, e contudo algumas continuidades que nos chocam como a presente ofensiva israelense sobre o povo palestino (em ato genocida, sem dúvida) ou mesmo a destruição causada pelas chuvas de verão em nosso país (como em Santa Catarina ano passado e agora aqui em Minas Gerais com vítimas todos os dias).

Como em toda etapa que se inicia não poderia deixar de apontar uma espécie de "pacotão dos desejos" para 2009:
- que a presente crise financeira não se intensifique em depressão econômica.
- que os novos prefeitos brasileiros governem com sabedoria, justiça e compromisso com a população.
- que o governo Lula trabalhe pelo bem do país e não se perca em questões eleitoreiras pensando no pleito de 2010 (ou seja, que Lula trabalhe pelo país e não para emplacar a Ministra-Guerrilheira Dilma como uma dama de ferro dos trópicos).
- que nós seres humanos possamos aprofundar soluções e debates em torno da responsabilidade com o planeta, das questões ecológicas, de maneira a equilibrar desenvolvimento econômico com consciência ecológica.
- que a violência urbana seja combatida com eficiência e força, e que a justiça brasileira se aprimore e se faça presente nas principais questões nacionais.
- que a miséria seja diminuída e que possamos amenizar as desigualdades sociais presentes em todo o mundo.
- que a educação brasileira seja levada a sério e comandada por gente competente, e que nós educadores estejamos unidos e alertas em pró de uma educação de qualidade e com valorização profissional real (não a proposta pela revista não-Veja).
- que Israel deixe o povo palestino construir o seu espaço de convivência justo, formando o Estado Palestino.
- que o povo da Venezuela, Bolívia, Equador, se organizem e sejam críticos perante os seus governos autocráticos e anacrônicos - que tem como hábitos vender idéias velhas em troca de poder.
- que Barack Obama retire as tropas do Iraque e combata o terror aonde ele realmente se encontra, como no Paquistão ou dentro da própria América e seus anacrônicos e intolerantes "neocoms" (neoconservadores).

Acho que a lista está boa, e ai, monte a sua e compartilhe conosco. Sonhar nunca é demais, pelo contrário, é o primeiro caminho para a construção de um devir sempre melhor.

FELIZ 2009! PROFESSOR TIAGO MENTA