terça-feira, 10 de março de 2009

Bento XVI e as máquinas de lavar "revolucionárias"



Vai parecer perseguição, coisa de ateu, mas Bento XVI e sua Igreja estão extrapolando, hoje com mais uma pérola de conservadorismo pedante e anacrônico: no último domingo, dia 8 de março, quando comemora-se o dia internacional da mulher (em data que relembra a valentia de operárias brutalmente assassinadas) o pontífice, o "santo padre", afirmou "A MÁQUINA DE LAVAR FEZ MAIS PELA MULHER DO QUE A PÍLULA"....isso mesmo, podem reler "A MÁQUINA DE LAVAR FEZ MAIS PELA MULHER DO QUE A PÍLULA". Simplesmente inacreditável, para não dizer abominável.
O que a máquina de lavar fez para a mulher senão apenas aliviar-lhe os trabalhos domésticos? Oras, ter uma máquina de lavar não emancipou ninguém, até porque ela não liberta a mulher de sua condição, antiga, de dona de casa, "rainha do lar", perpetuando-lhe a casa como seu lugar, como locus essencial.
A pílula anticoncepcional deu o primeiro passo rumo a revolução sexual dos anos sessenta, que ai sim, deu a mulher uma emancipação plena, emancipando-a de seu próprio corpo (antes amedrontada pela gravidez indesejada ou mesmo antes do casamento, se pensarmos em arcaicos elementos morais), e dando-lhe o direito ao gozo, ao prazer, de maneira mais rica e até mais responsável (afinal para não engravidar bastava usar a pílula).
O fato acima demonstra o papel submisso, serviçal, menor, que o Catolicismo ainda mantém as mulheres. Até hoje as freiras não podem realizar missas, e se mantém numa condição de afastamento secular ainda maior se comparada a outras ordens regulares. Maria Madalena por séculos era entendida como prostituta, aquela que Jesus salvou de apedrejamento conclamando o igualitarismo entre os homens (todos somos pecadores). Hoje sabe-se, e não pelas vias de Dan Browm, mas pelos chamados textos apócrifos que Maria Madalena além de não ser prostituta assumira um papel de vital importância na vida de Jesus (talvez como esposa) e na construção e disseminação do Cristianismo.
A própria Maria, mãe de Jesus, adorada por fervorosos católicos, especialmente aqui em nosso país, é apresentada em textos bíblicos como virgem no momento da concepção de Jesus (fato que causara a ira do carpinteiro José) e isso não é sem razão - apresentam a mãe de Deus como tudo, menos uma mulher. Afinal as mulheres geram seus filhos mantendo relações sexuais com um homem, mas não, Maria não poderia ser uma mulher, ela tem que ser uma meta-mulher, algo tão extraordinário que só poderia ser fecundada pelo próprio Criador.
Pobres mulheres, que ao longo dos séculos sombrios medievais sofreram as mais diversas e sádicas torturas, dentro da lógica da Contra-Reforma sanguinária produzida pelo Conselho de Trento e consolidada especialmente por padres espanhóis como Torquemada. Existe hoje nos Estados Unidos o chamado Museu da Tortura, que guarda uma extensa coleção de peças medievas, destinadas a torturar ou "purificar" as almas dos infiéis, e principalmente das milhares de bruxas que a cada dia, a cada acusação, pulularam e agonizaram em chamas que prometiam a salvação quando apenas lhes traziam a dor e uma morte violenta.
Com tudo isso, exemplos históricos, do passado e do nosso presente, como no caso da menina de 9 anos estuprada e que tivera mãe e equipe médica expulsos pelo conservadorismo e intolerância católicos, é que podemos afirmar, categoricamente, que a igreja romana, católica, não é lugar para uma mulher. Vade retro Bento XVI!

sexta-feira, 6 de março de 2009

EU ME EXCOMUNGUEI TAMBÉM!

Nesta semana uma garotinha de apenas 9 anos realizara uma intervenção abortiva, interrompendo uma gravidez originada em ato violento de estupro - concretizado pelo padrasto da mesma e que lhe deixara grávida de gêmeos.
Qualquer ser humano de bom senso, de espírito humanista, nem discute o que seria necessário fazer neste caso, e a própria lei brasileira indica isso - em casos de violência sexual a mulher tem o direito de interromper a gravidez.
Mas para a lógica medieva que ainda se instaura entre o Catolicismo não. A menina deveria, estoicamente, aceitar a gravidez mesmo com seus tenros 9 anos de idade, assumindo sérios riscos físicos, psíquicos e econômicos, tudo em nome de uma dita "vida" que estaria em seu ventre.
Oras, se nem a ciência sabe determinar ao certo aonde começa a vida é muito mais prudente e humano deixar esta escolha, abortiva, nas mãos da mulher que detém o seu corpo (óbvio demais) ou da família da mesma em se tratando de menores de idade.
O que o bispo fizera, excomungando (expulsando) a família da menina e a equipe médica que a libertou de uma herança maldita (e não de uma vida) beira o ridículo e põe em evidência aquilo que qualquer pessoa mais esclarecida já o sabe: do conservadorismo pedante e anacrônico do Catolicismo, ainda mais sob a égide de Bento XVI, o "santo padre" que um dia já ingressara na juventude hitlerista e que quer ditar a sua "verdade" do alto de uma sacada romana.
Gostaria que o bispo também me excomungasse, aliás eu já me excomunguei por livre iniciativa a muito tempo atrás, quando os caminhos da História, da Biologia, da Filosofia, das Ciências Sociais e Políticas, da Psicologia, da Antropologia, da Economia me libertaram do peso e da culpa que o Catolicismo gosta de nos impor, não para nos guiar, mas para nos dominar. Os caminhos da liberdade e do humanismo certamente passam longe de qualquer agremiação religiosa. Viva o Humanismo, Viva o Iluminismo, Viva o Racionalismo e o Mundo Moderno.