sexta-feira, 22 de maio de 2009

HUMOR ATEÍSTA

Semanas atrás lancei no portal de Filosofia do amigo Paulo Ghiraldelli uma série de imagens, cartoons, retratando, com bom humor, a ideia do ateísmo até como resposta ao pedantismo de muitos religiosos que nos sufocam com seu conservadorismo.
Creio que é o melhor remédio contra essa gente, que faz uso da religião como mecanismo de separação, dominação, intolerância, perante aqueles que acreditam em outros elementos fenomenológicos ou os que simplesmente nada acreditam.
As imagens fizeram relativo sucesso, e não posso deixar de citar a fonte das imagens, inclusive citado e linkado (com banner ilustrativo) ai ao lado, o site http://www.ateus.net










terça-feira, 19 de maio de 2009

O ESPETÁCULO DEBORDIANO

Gostaria de agradecer ao povo da cidade mineira de São João Evangelista, onde estive nos últimos três dias - pela simplicidade, hospitalidade, recebendo o amigo professor.
São João Evangelista se localiza no nordeste de Minas Gerais (micro-região do rio Doce), em direção ao estado do Espírito Santo, a 270 km de Belo Horizonte.
Estive na Escola Federal Agrotécnica de lá, que atende a cerca de 800 estudantes de nível médio, onde são preparados para o mercado de trabalho através do ensino profissionalizante (como de Sivicultura, Nutrição, Informática).
Lá em São João também tive a oportunidade de conhecer gente bacana, como o historiador Daniel (que dá aulas de História para os marinheiros do Espírito Santo), a nutricionista Paula (que atua em Pouso Alegre), e outros que fizeram do último final de semana uma experiência rica e agradável.

GUY DEBORD E A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO
Debord foi um filósofo e cineasta francês, atuante nas agitações conhecidas como "maio de 68", e em sua produção intelectual destacamos o conceito de "sociedade do espetáculo", apresentado em 1967 na obra que leva o mesmo nome (e também em filme de 1973, de mesmo nome).
Em "A Sociedade do Espetáculo" Debord escreve de maneira livre, em aforismos (como Nietzsche fazia no século 19), e nestes ele aponta o que vem a ser o espetáculo: quando as relações humanas são permeiadas, mediadas, por imagens. Além disso Debord aponta o espetáculo como fenômeno produzido e reproduzido pelo modus vivendi capitalista, pelo sistema, a ponto de ser o espetáculo uma espécie de acumulação tal de capital que este é tornado imagem (vide publicidade, arte, meios de comunicação, indústria cultural).
Não há como fugir da relação entre o espetáculo debordiano e o conceito de alienação (já preconcebido por Karl Marx em obras como os Manuscritos Econômico-Filosóficos), visto que as relações humanas, midiatizadas, espetacularizadas, são relações reificadas (onde os seres humanos são tomados como objetos e não mais como sujeitos).
Citando o filósofo:
"A alienação do espectador em favor do objeto contemplado se expressa assim: quanto mais ele contempla, menos vive; quanto mais aceita reconhecer-se nas imagens dominantes da necessidade, menos compreende sua própria existência e seu próprio desejo. Em relação ao homem que age, a exterioridade do espetáculo aparece no fato de seus próprios gestos já não serem seus, mas de um outro que os representa por ele. É por isso que o espectador não se sente em casa em lugar algum, pois o espetáculo está em toda parte (...) O espetáculo na sociedade corresponde a uma fabricação concreta da alienação. A expansão econômica é sobretudo a expansão dessa produção industrial específica. O que cresce com a economia que se move por si mesma só pode ser a alienação que estava em seu núcleo original. O homem separado de seu produto produz, cada vez mais e com mais força, todos os detalhes de seu mundo. Assim vê-se cada vez mais separado de seu mundo. Quanto mais sua vida se torna seu produto, tanto mais ele se separa da vida. O espetáculo é o capital em tal grau de acumulação que se torna imagem."
DEBORD, Guy. A Sociedade do Espetáculo - comentários sobre a sociedade do espetáculo. trad. Estela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro: ed. Contraponto, 1997. p. 24-25.
O que é o homem separado do seu produto, e por consequência, separado de si mesmo? O trabalhador, o proletário, que é levado pelo sistema capitalista a vender-se, a vender a sua força de trabalho, em troca de um salário. É o homem que não possui mais uma relação subjetiva com seu trabalho, visto que este não mais lhe pertence, mas pertence ao burguês que o compra, e que lucra com este pelas vias da mais-valia (já que o produto do trabalho do trabalhador vale mais que o salário recebido por este, gerando lucros para os que lhe dominam e escravizam).
Ou seja, o capitalismo impõe aos homens um mundo de supervalorização do mercado e do objeto (das mercadorias). Aos seres humanos suas necessidades e suas pseudonecessidades (termo debordiano) só podem ser satisfeitas pela aquisição de mais e mais mercadorias no mercado, nunca fora deste, eliminando todas as formas de subsistência. E o que faz o espetáculo?
O espetáculo está ai para nos impor a reprodução desta ordem, nos impor uma certa paralisia, uma passividade perante um mundo dominado por objetos e mercadorias (estas sim vivas, afirmando-se enquanto fetiche). É a televisão, a publicidade, a indústria cultural (empregando termo frankfurtiano), as imagens que nos impõem: compre, compre, compre, ter, ter, ter, só assim será feliz...sua vida não será digna de ser vivida se não tiver um carro veloz como um tigre, um sabão que limpa como ninguém (ode a uma vida clean, quase higienizada), o amaciante que deixa a sua roupa mais leve, o aparelho que faz suco e lhe garantirá uma vida saudável, o desodorante que fará as mulheres gozarem só de cheirá-lo, a pasta de dentes que deixará o seu sorriso uma coisa irresistível, a margarina saborosa e saudável que reúne a família de manhã para um café feliz e radiante, etc.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

DIA INTERNACIONAL DO TRABALHO - COMEMORAR O QUÊ?




Neste dia Internacional do Trabalho nunca é demais lembrar a atual conjuntura sócio-econômica: de desemprego desenfreado!
Aqui em Minas Gerais setores dos mais diversos de nossa economia, desde montadoras a siderúrgicas, estão semanas após semana demitindo milhares de trabalhadores - jogados no triste lamaçal da inatividade forçada e sofrendo toda uma série de problemáticas causadas pela situação de desemprego: discussões em família pela perda da renda, sentimento de culpa por estar sem trabalho, descontrole financeiro com a aquisição forçada de empréstimos a juros altos ou mesmo com gastos em cartões de crédito (muitas vezes única saída de consumo, visto que a renda se esvaiu), inadimplência e desgaste emocional por seguidas cobranças de perversas instituições financeiras.

O desemprego, e poucos se lembram deste detalhe fundamental, é condição sine qua non do Capitalismo, forçando os trabalhadores a vender, a um preço cada dia mais barato, a sua força de trabalho - se fóssemos pensar em um ideal capitalista chegaríamos a situação de uma massa trabalhadora realizando tarefas em troca da simples sobrevivência, o salário de pura subsistência de forma a manter o corpo do trabalhador vivo, capaz de trabalhar, e só.
Os leitores podem me acusar de "marxista", mas não há como negar, não há melhor autor que compreendera os mecanismos capitalistas senão o filósofo alemão Karl Marx, mesmo que o projeto político-social do mesmo não tenha se mostrado válido na vida prática (e o século XX demonstrou isso).
Neste triste dia Internacional do Trabalho, em meio a uma crise sem tamanho (ao contrário do que vislumbrava o jumento que governa este país), não seria demais rememorar a importância de Karl Marx como analista de parte do que assistimos nos presentes dias.
O mercado mundial está ai, a despossessão dos trabalhadores está ai (ou o amigo leitor não precisa de salário ou mesmo vender a sua força de trabalho?), as desigualdades sociais e a divisão em classes está ai, o exército de reserva está ai em nossas ruas (homens e mulheres com currículos nas mãos, em filas gigantescas, submetendo-se a inúmeros processos seletivos e a critérios surreais de seleção, entrevistas e mais entrevistas. Engenheiros, publicitários, jornalistas, administradores, advogados, psicólogos, aceitando salário mínimo e subemprego), a alienação está ai e a idolatria as mercadorias está mais vivente entre nós do que nunca, provocando fetichismo desenfreado.

Me aborrece ver que parte das centrais sindicais deste país, organizações de trabalhadores e movimentos sociais, ficam realizando festas, shows, eventos, que mais parecem um verdadeiro circo a céu aberto ao invés de mostrar a cara e fazer o que deveríamos nós, brasileiros, fazer - protestar! Questionar o protecionismo de Estados e governos em defender instituições financeiras gananciosas e especuladoras ao contrário de lutar pela preservação de trabalhos e pela qualidade de vida dos trabalhadores. Por que será que em meio a tantos problemas macroeconômicos, no mundo todo, bancos brasileiros como o Bradesco anunciam lucros recordes? Por que quando a poupança nacional volta a se fortalecer com a queda (mesmo assim tímida) da taxa de juros o governo nacional quer atuar de maneira a combater a valorização desta? Não nos enganemos, o que governa o mundo não são os Estados Nacionais (enfraquecidos e sem nenhuma autonomia) mas o Grande Capital, materializados nas instituições financeiras, empresas transnacionais, aglomerados industriais e grandes companhias.

Por isso, neste primeiro dia de maio, só me resta lamentar pela sorte de todos os trabalhores do nosso mundo.