sexta-feira, 10 de julho de 2009

ROBERTO CARLOS: GÊNIO POÉTICO OU PERU DE NATAL GLOBAL?




Cachoeiro do Itapemirim-ES, 1959, surgia um dos maiores ídolos da música brasileira: Roberto Carlos.Agora são 50 anos de carreira completos, e então, como analisar o cantor, compositor, após décadas de sucessos, mistérios, perdas pessoais (esposas), problemas psicológicos (como o toque)? Como entender Roberto Carlos, vulgo "rei" da música nacional, uma espécie de Elvis tupiniquim? Um revolucionário ou um contra-revolucionário? Um piegas ou um genuíno poeta?

Roberto apareceu no cenário musical brasileiro em meio a onda rock'roll, que já se anunciava na América com nomes como Bill Halley, Chuck Berry, Little Richards, Jerry Lee Lewis, eespecialmente o ícone Elvis Presley. No início Roberto e o próprio movimento jovem que se organizou na televisão brasileira em torno dele (Jovem Guarda) eram uma tentativa pura e simples de reproduzir aqui o que já se fazia na América ou mesmo na Europa (inclusive muitas músicas da Jovem Guarda possuem origem em músicas italianas, como Era um garoto que como eu amava os Beattles e os Rolling Stones).

Mas como toda onda passa, esta passou, a Jovem Guarda ruiu, e vieram os anos setenta com seu psicodelismo, seu "paz e amor", a era disco, e o próprio Roberto tentou reproduzir isso no próprio visual, que depois virou marca registrada: os longos cabelos, em substituição ao cabelinho lambuzado de gel e caidinho da época da Jovem Guarda. Vieram composições mais maduras, mesmo quando o intento era o romance - "Amigo", "Jesus Cristo", "Cama e Mesa".

Roberto, avançando nos anos 80, começa a entrar em parafuso, musicalmente e pessoalmente. Vem composições ridículas como as que ele "homenageava" caminhoneiros, mulheres gordas, mulheres baixinhas. Na vida pessoal ele já demonstra um espiritualismo beirando o dogmatismo, e não é a toa que o cantor faz apresentações como na vinda de João Paulo II ao Brasil (ou em composições como Nossa Senhora). Ao mesmo tempo já começa a manifestar espasmos de superstição, maneirismos - fruto da doença psicológica do toque (usar branco nas apresentações, ter pavor a cor marrom).
Para agravar a situação Roberto Carlos sofre constantes perdas pessoais, culminando com a morte da esposa Maria Rita após anos lutando contra um câncer.

Em termos gerais Roberto Carlos pode e deve ser entendido como um grande cantor brasileiro, um grande compositor (na dupla que formou com o carioca Erasmo Carlos) e um poeta. Não foi um revolucionário, não representou o novo em nosso país, pelo contrário, representava a reprodução de modismos que eram hegemônicos mundo afora, inclusive muito se discute o seu silêncio musical durante o regime militar (1964-1985): afinal de contas, era difícil escrever "eu te amo baby" em meio a um país onde muitos jovens eram mortos, torturados, reprimidos, numa ordem política e social sufocante. Outro fator que aponta Roberto Carlos na direção da contra-revolução é a exclusividade global, que seria como assinar o pacto com o diabo (que responde pelo nome de Roberto Marinho e as Organizações Globo). Roberto Carlos se torna produto global, se torna o peru de Natal de todo o brasileiro médio (os shows de fim de ano), e isso chega a tal ponto que o dvd produzido pela MTV, chamado unpluged (ou show acústico) é vendido na praça mas proibido de ser veiculado na própria emissora que o produzira. E finalizando, a ridícula postura do cantor diante do magnífico trabalho do colega historiador Paulo César de Araújo "Roberto Carlos em Detalhes" que proibira o mesmo de vender/divulgar a obra biográfica.

Enfim, nestes 50 anos de carreira eu posso dizer de Roberto Carlos o seguinte: nota 10 como cantor e compositor, nota 0 como cidadão.

Um comentário:

  1. Olá amigo gostaria que me adicionasse no msn, tenho trabalho de escola amanhã e preciso de ajuda. é sobre a real importancia de max weber para a sociedade.
    Abraço
    juhydeso@hotmail.com

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