quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Filosofia do Lobisomen

Quando era adolescente já demonstrava o maior interesse pelos filmes de horror, de certa maneira me divertia com todo aquele sangue jorrando na minha televisão, e como eram os idos da década de 80 os que “comandavam geral” eram os filmes dos assassinos em série, como Jason, Freddy, Myers, etc.
Contudo o que mais me chamava à atenção, nestes filmes de horror, não eram os assassinos em série (típico de um mundo onde a violência urbana já demonstrava ser o verdadeiro e real temor de todos os cidadãos modernos), mas, sim aqueles personagens clássicos, que ainda sobreviviam à duras penas na filmografia do terror: os vampiros, os fantasmas, as bruxas, os monstros, e em especial os homens-lobos/Lobisomen/Werewolf.
E são sobre os homens-lobos ou Lobisomens que quero tratar aqui neste ensaio.

Como o nome já indica o Lobisomen é um ser humano capaz de ser tornar um animal, nesta ocasião, em um lobo. O fator que determina esta transformação seria uma espécie de maldição, que é sempre ativada quando a pessoa amaldiçoada está na presença da lua cheia.
Hoje, já adulto e cônscio de tantas coisas, começo a perceber as nuances que sempre me fizeram gostar do personagem Lobisomen. Ele tem elementos filosóficos, sim, e profundos, na essência da construção do personagem.
Um Lobisomen é um ser humano que se torna animal. E daí eu faço a seguinte reflexão: queremos voltar a nossa condição de animalidade? Sim, queremos.
Transformar-se em um lobo é ter a capacidade de voltarmos no tempo, de voltarmos em nossos primórdios, e voltarmos a sentir a nossa existência de maneira mais natural, animalesca e, portanto, próxima da mãe natureza.
Nos meus últimos vídeos lançados no youtube venho apresentando a teoria política do filósofo suíço Jean Jacques Rousseau, que valorizava e muito o chamado estado de natureza dos homens, onde vivíamos em pleno gozo de nossas liberdades naturais (depois destruídas pelo surgimento da propriedade privada e da conseqüente formação da sociedade civil pelas vias do contrato social).
A minha tese é de que o personagem Lobisomen resgata um pouco deste nosso desejo, profundo, de voltar ao nosso estado natural. De recuperação de nossas liberdades naturais.
Vamos fazer um exercício de imaginação: imagine-se diante da lua (elemento distante do homem, luminoso, como que tornado objeto de transcendência e transformação) e eis que de repente suas roupas se rasgam por completo, seus sentidos se aguçam completamente, ganha força, velocidade, um paladar apurado e devastador (com o crescimento exagerado dos dentes caninos), você já não tem mais linguagem, se vê uivando, e com uma sede de liberdade nunca antes sentida (você simplesmente sai pelo campo em busca de satisfação plena, ou como costumo sintetizar, os dois L/2L: Liberdade e Luxúria).
A sensação é ótima!
Tornar-se um lobo é exercer o sonho de abandonar o artificialismo da vida humana (suas roupas rasgadas, o corpo nu em pelos, a perda da linguagem, a ética deixada de lado em favor do puro instinto – rumo a liberdade e luxúria), caindo, de cabeça, em um naturalismo animalesco.
E você, que tal transformar-se em lobo como eu?
Auuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!





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