sexta-feira, 1 de maio de 2009

DIA INTERNACIONAL DO TRABALHO - COMEMORAR O QUÊ?




Neste dia Internacional do Trabalho nunca é demais lembrar a atual conjuntura sócio-econômica: de desemprego desenfreado!
Aqui em Minas Gerais setores dos mais diversos de nossa economia, desde montadoras a siderúrgicas, estão semanas após semana demitindo milhares de trabalhadores - jogados no triste lamaçal da inatividade forçada e sofrendo toda uma série de problemáticas causadas pela situação de desemprego: discussões em família pela perda da renda, sentimento de culpa por estar sem trabalho, descontrole financeiro com a aquisição forçada de empréstimos a juros altos ou mesmo com gastos em cartões de crédito (muitas vezes única saída de consumo, visto que a renda se esvaiu), inadimplência e desgaste emocional por seguidas cobranças de perversas instituições financeiras.

O desemprego, e poucos se lembram deste detalhe fundamental, é condição sine qua non do Capitalismo, forçando os trabalhadores a vender, a um preço cada dia mais barato, a sua força de trabalho - se fóssemos pensar em um ideal capitalista chegaríamos a situação de uma massa trabalhadora realizando tarefas em troca da simples sobrevivência, o salário de pura subsistência de forma a manter o corpo do trabalhador vivo, capaz de trabalhar, e só.
Os leitores podem me acusar de "marxista", mas não há como negar, não há melhor autor que compreendera os mecanismos capitalistas senão o filósofo alemão Karl Marx, mesmo que o projeto político-social do mesmo não tenha se mostrado válido na vida prática (e o século XX demonstrou isso).
Neste triste dia Internacional do Trabalho, em meio a uma crise sem tamanho (ao contrário do que vislumbrava o jumento que governa este país), não seria demais rememorar a importância de Karl Marx como analista de parte do que assistimos nos presentes dias.
O mercado mundial está ai, a despossessão dos trabalhadores está ai (ou o amigo leitor não precisa de salário ou mesmo vender a sua força de trabalho?), as desigualdades sociais e a divisão em classes está ai, o exército de reserva está ai em nossas ruas (homens e mulheres com currículos nas mãos, em filas gigantescas, submetendo-se a inúmeros processos seletivos e a critérios surreais de seleção, entrevistas e mais entrevistas. Engenheiros, publicitários, jornalistas, administradores, advogados, psicólogos, aceitando salário mínimo e subemprego), a alienação está ai e a idolatria as mercadorias está mais vivente entre nós do que nunca, provocando fetichismo desenfreado.

Me aborrece ver que parte das centrais sindicais deste país, organizações de trabalhadores e movimentos sociais, ficam realizando festas, shows, eventos, que mais parecem um verdadeiro circo a céu aberto ao invés de mostrar a cara e fazer o que deveríamos nós, brasileiros, fazer - protestar! Questionar o protecionismo de Estados e governos em defender instituições financeiras gananciosas e especuladoras ao contrário de lutar pela preservação de trabalhos e pela qualidade de vida dos trabalhadores. Por que será que em meio a tantos problemas macroeconômicos, no mundo todo, bancos brasileiros como o Bradesco anunciam lucros recordes? Por que quando a poupança nacional volta a se fortalecer com a queda (mesmo assim tímida) da taxa de juros o governo nacional quer atuar de maneira a combater a valorização desta? Não nos enganemos, o que governa o mundo não são os Estados Nacionais (enfraquecidos e sem nenhuma autonomia) mas o Grande Capital, materializados nas instituições financeiras, empresas transnacionais, aglomerados industriais e grandes companhias.

Por isso, neste primeiro dia de maio, só me resta lamentar pela sorte de todos os trabalhores do nosso mundo.

3 comentários:

  1. Tiago, você conhece a obra de Antonio Negri?

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  2. Conheço pouco o trabalho de Negri, mas Bruno fique a vontade - em que ponto o filósofo italiano pode contribuir com a discussão levantada pelo meu texto?
    Conto com sua participação..
    Abraços, prof. Tiago Menta.

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