terça-feira, 10 de novembro de 2009

O QUE É O AMOR EXISTENCIALISTA?


Diz a filosofia existencial que não há essência, tão somente a existência (daí a incompatibilidade com a metafísica e derivados, como a noção de um criador divino).
Mas, como transpor este conceito para a noção de "amor"? Primeiramente, até em termos metodológicos, é necessário que abandonemos o amor romântico (construído no século XIX, e que pressupõe essencialismos e possessividade). E por fim aceitarmos que não existe o "Amor", mas amores e formas de amar, que são históricas e até ideológicas.
O amor existencial é aquele que se admite livre, desprovido de essências e de qualquer manifestação de posse, realizando-se sempre no encontro, no instante, no existir puro e simples.
Ele não tem a solidez (mesmo que pretensa), o compromisso, do amor de pertencimento, do amor de classe, do amor romântico, e nem a fluidez, o desencontro, do amor líquido pós-moderno (manifestos no ato de ficar ou mesmo do sexo casual); ele é encontro, ele é instante, que se repete, que se torna um eterno ir e vir.
Por ser encontro o amor existencialista pressupõe, como método, que homem-mulher definam o locus amoroso. O lugar, o habitat, aonde aquele amor irá se manifestar. Pode ser um apartamento à venda, como no filme "O Último Tango em Paris", um quarto de hotel como no romance sartriano de "A Idade da Razão", etc.
Creio que o amor existencialista só pode ser saboreado por pessoas que possuam a força interior ou, e formação libertária para romper com os grilhões do amor romântico, especialmente tido, ideologicamente, como o único válido, e até mesmo como o único moralmente aceito pela sociedade.
Façamos um diferencial conceitual e histórico do amor, ou melhor, das diversas formas de amar:

1) AMOR DE CLASSE OU AMOR DE COMPROMISSO (ESTADO, RELIGIÃO, FAMÍLIA)
Épocas históricas: Antiguidade, Idade Média e Renascença.
Lógicas: conotação político-econômica, social, para o casamento entre homens e mulheres.


2) AMOR ROMÂNTICO OU ENCANTAMENTO INDIVIDUALISTA
Épocas históricas: Modernidade, Século XIX em diante, Mundo Burguês.
Lógicas: conotação de subjetividade (tomada como valor), posse, interesse pessoal, onde o indivíduo é o cerne da relação com o outro (como ser que deseja e quer o outro para si).


3) AMOR EXISTENCIALISTA OU AMOR DE ENCONTRO
Época histórica: entre as décadas de 30 e 60 do século XX.
Lógicas: conotação de liberdade individual (como ser, como existente), de valorização da momentaneidade da vida, que sempre se repete.


4) AMOR LÍQUIDO PÓS-MODERNO OU AMOR DE DESENCONTRO
Época histórica: anos 90 do século XX e século XXI.
Lógicas: fluidez, casualidade, ode ao prazer imediato (dialética com a vida marcada pelo imediatismo), ampliada cada vez mais pela informatização da vida humana, desumanidade amorosa.

Um comentário:

  1. Caraca que conceito Top!! Muito Obrigado por iluminar-me com suas idéias. Nunca havia visto por este angulo. Possui mais material que aborde este assunto?

    Att. Mauricio -->Whats 46999191130

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