quinta-feira, 17 de abril de 2008

CRIANÇADA QUE SOFRE; A HISTÓRIA TORNADA SUCATA NO UNIBH

SER CRIANÇA NO BRASIL NÃO É BOM NEGÓCIO
Os últimos meses vem revelando uma realidade cruel - cresce, assustadoramente, a violência sobre crianças e adolescentes, especialmente sobre crianças, que indefesas são mortas, abusadas sexualmente, e até mesmo torturadas como que em rituais sádicos, da mais pura e essencial maldade humana.
Comecemos com o caso de Goiânia, onde uma mulher, de classe média alta, empresária, mantinha sobre condições de tortura constante uma menina de 12 anos que morava com ela como "filha adotiva". A menina foi encontrada por policiais amarrada violentamente, com marcas de queimaduras, vermelhidões, lesões nas unhas e dedos, na língua e nos dentes (quebrados).
Ano passado se não me falhe a memória, uma "mãe" jogou um bebê recém nascido na lagoa da Pampulha em Belo Horizonte, e como que por milagre a criança foi encontrada por pessoas que ali passavam, dentro de um saco plástico - tratado como lixo, como objeto descartável.
Agora a menina atirada seis andares abaixo em São Paulo, após sofrer com atos de violência dentro do apartamento (repare como ela, com 5 anos de idade, foi tratada como objeto descartável, dai ser jogada pela janela como os maus educados jogam papel ou sujeira por uma janela de casa ou de um automóvel).
Em Belo Horizonte, semanas atrás, um casal jovem tivera uma violenta discussão e na confusão que se instalou o "pai" arrebentara a cabeça de seu pequeno filho contra a parede.
Sou educador, trabalho com crianças, com adolescentes. E muito me preocupa esta cruel realidade nacional, independente de condições econômico-sociais, pois hoje é o pobre, o rico, a família de classe média que está matando ou abandonando à própria sorte "suas" crianças. E então, por que?
As crianças se tornaram descartáveis? Ou é algo mais profundo, como penso, os seres humanos, sim, tornaram-se descartáveis, como a própria vida humana que não vale coisa alguma.
E depois a Igreja e seus seguidores lutando contra o aborto, contra células tronco embrionárias, contra o uso da camisinha, e para quê...? Se a vida humana hoje não vale mais nada, e os fatos ai demonstram...
A Igreja, e mesmo outros elementos sociais, deveriam lutar para que pessoas, famílias, que não reúnem condições psiquicas, econômicas, sociais, parem de gerar crianças, que acabam levando uma vida de desafeto, desamor, ou até mesmo de abandono ou violência.
Parece que os "pais", na realidade pessoas com problemas patológicos, doentes, externam em suas crianças todas as suas raivas, os seus problemas existenciais, as suas insatisfações, e daí as crianças sofrendo uma violência sem fim. Quando seria mais humano, mais fácil e terapêutico simplesmente não ter mais filhos e mesmo não ter filhos sobre hipótese alguma.
O mundo desenvolvido aponta para isso - famílias cada vez menores, uma população medianamente mais velha, realidade que não encontramos em continentes como o africano e o latino-americano. Eu mesmo tenho alunos com 4,5,6 e até 7 irmãos, quando a família mal teria condições de criar, com serenidade e qualidade de vida, uma ou duas crianças.
É necessário ao poder público, consciente e sem melongas religiosas, promover o controle de natalidade, urgente! Ampliando o acesso a camisinhas, a educação sexual no SUS e nas escolas, liberando o aborto em clínicas conveniadas com o SUS, e criando incentivos como a perda do bolsa família para famílias que reunam mais do que duas crianças, e ao mesmo tempo garantindo renda mínima para famílias pobres com até dois filhos, e por fim campanhas como o "VASECTOMIA JÁ" para pais, com renda de até 3 salários mínimos, gratuitamente pelo SUS. As idéias e formas são muitas, mas continuar colocando crianças no mundo para dar-lhes uma vida indigna, marcada pela violência, isso não é mais aceitável.

UNIBH - A CRISE DAS LICENCIATURAS
Quem me conhece sabe que me graduei no UNIBH, aqui em Belo Horizonte, como historiador.
Até hoje nunca usei este espaço, meu, para falar sobre esta instituição a quem sou muito, muito grato e que fui presenteado, em março de 2006, com o título de "Destaque Acadêmico do Curso de História no Quadriênio 2003-2006".
Mas o que hoje acontece no UNIBH, em seu curso de História e outras licenciaturas como as Letras, a Matemática e a Pedagogia, reflete uma realidade triste: o sucateamento.
Por que as licenciaturas estão sucateadas?
Simples, amigos e amigas, vejam as condições de trabalho de um professor brasileiro e também vejam o rendimento médio deste mesmo profissional, ao mesmo tempo tão necessário e tão sofrido.
Além disso há uma cultura, maléfica, dentro das universidades, seja ela pública ou privada como é o UNIBH: os departamentos dos cursos são tomados, de assalto, por grupelhos, por indivíduos, que ali se promovem, apenas isso, e esquecem de buscar melhorias e qualidade para o próprio curso.
Professores que num sistema meritocrático, com titulação e experiência, seriam mantidos em seus cargos hoje são preteridos por condições salariais (pra que pagar doutores se podemos pagar mestres) e em alguns casos, frequente em cursos de ciências humanas, são preteridos por posicionamentos políticos ou mesmo ideológicos.
Fico triste quando ao voltar ao convívio com alguns estudantes do UNIBH ver que a universidade deixou o curso de História e outros a deriva, boiando no mar, como que a espera de sua inevitável morte por afogamento: alunos brigando por ônibus, alunos sem aulas práticas e laboratórios respeitáveis, bibliotecas insuficientes e deficitárias, entidades estudantis sem apoio algum (especialmente os diretórios acadêmicos), falta de investimentos crônica (as aulas são mera reprodutibilidade, com uso de caneta e quadro, e saliva, muita saliva; congressos vazios de conteúdo, vazios de produção técnica, inundados por palestras sem nexo).
Faço aqui um alerta a todos os estudantes do UNIBH, do curso de História: se unam, em nome do curso e de vocês mesmos, não da instituição, que não vos valoriza. Só assim as amarras serão desamarradas, os grupos serão banidos, e a reitoria, que sabe da exigência governamental de que o Brasil deve formar mais e melhores professores, será obrigada, por questões de mercado, a impulsionar um movimento de requalificação e investimentos nos cursos de História, Matemática, Letras e Pedagogia.




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