sábado, 26 de janeiro de 2008

SÓCRATES

Amigos e amigas nas últimas semanas venho, através da tv filosofia, participado de uma interessante discussão sobre a passagem do dito "eu socrático" para o "eu moderno".
Como o próprio nome indica o "eu" socrático remete-nos ao filósofo ateniense Sócrates, que vivera no século V a.C., sendo a mudança para o dito "eu" moderno a partir da escolástica medieval, iniciada no século XIII com Agostinho.

Este debate se faz necessário numa série de discussões a respeito da noção de subjetividade - já que a estrutura da subjetividade apresenta como elementos as noções do "eu", do sujeito e metafísica do sujeito (os dois últimos elementos pertencentes exclusivamente aos tempos modernos).


Não vou aqui reproduzir tudo o que fora abordado em nossas conversas pela TV filosofia, no programa "Filô das 11", mas aqui em meu blog quero contar-lhes um pouco da história deste grande filósofo: Sócrates.


Sócrates não era um filósofo, vivia com uma espécie de "aposentadoria" devido a sua participação como soldado e defensor da cidade de Atenas nas lutas contra os invasores do oriente próximo.

Um de seus grandes amigos, Querofonte, decidira consultar, não se sabe a devida razão, o famoso oráculo da cidade grega de Delfos, para fazer a pitonisa do lugar sagrado a seguinte pergunta: "Existe em Atenas homem mais sábio que Sócrates?".

A resposta do oráculo foi negativa, e logo Querofonte contava ao amigo o que tinha ocorrido na sua consulta em Delfos. Sócrates, meio em dúvida com aquela surpreendente resposta, decidira então comprovar a veracidade das palavras do "deus" consultado.

E assim partia o velho soldado Sócrates, junto aos seus cidadãos atenienses para descobrir afinal de contas se havia ou não um homem mais sábio que ele. Mas, como fazer isso? Daqui resulta o método socrático.

Sócrates saía por Atenas em busca dos ditos homens mais virtuosos da cidade e lhes indagava conceitualmente (não aceitando exemplos como resposta), por exemplo a um grande guerreiro o que viria a ser a coragem, a um eminente juíz o que seria a justiça e assim por diante. Logo Sócrates percebera o desconhecimento pleno destas pessoas, que pensavam saber, pensavam conhecer algo que na essência não conheciam, e assim Sócrates, sabedor de seu não-conhecimento seria sim, como disse o oráculo, o homem mais sábio de Atenas.

O verdadeiro conhecimento, no sentido socrático, é ter a consciência de que não sabemos a essência das coisas. Mas por qual razão desconhecemos a essência das coisas? Vivemos num mundo de erros, de aparências e de coisas mutáveis e irregulares.

E onde estariam o bem, a verdade, o real? Além das nossas percepções, além do nosso corpo, do mundo sensível.

Por isso a filosofia socrática é uma filosofia de morte, pois o corpo é visto como uma prisão para a alma, um impedimento para que façamos uma ponte entre a nossa alma, a nossa essência, e as coisas puras e verdadeiras. Era necessário libertar a razão do corpo, e como fazer isto sem necessariamente morrer (onde as essências se entrelaçariam, numa perfeição de formas)?

Bastava filosofar, fazer uso da razão, libertando-a de toda a aparência, de toda irregularidade do mundo sensível. A partir destas idéias seu discípulo, Platão, irá levar adiante os ensinamentos e preceitos do mestre, complementando-o, dando-lhe outros contornos como por exemplo com a escrita da chamada "Alegoria da Caverna" localizada em sua obra "A República".




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